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Petróleo do pré-sal, um dos alvos da visita de Obama ao Brasil

20/02/2011

Petróleo do pré-sal, um dos alvos da visita de Obama ao Brasil

Para presidente da Amcham, EUA passam a ver o Brasil como parceiro estratégico, o que nunca ocorreu; visita deve acelerar acordos

Claudia Facchini, iG São Paulo

A visita do presidente americano Barack Obama ao Brasil, nos dias 19 e 20 de março, deve acelerar a assinatura de alguns acordos bilaterais importantes. Um dos grandes objetivos de Obama é favorecer as empresas americanas instaladas no Brasil ou que exportam para o País, principalmente aquelas que fornecem equipamentos para os setores de petróleo e infraestrutura. Em contrapartida, o Brasil deve negociar um maior acesso ao mercado americano para commodities e produtos agrícolas, como etanol.

Não é esperado que Obama e a presidente Dilma Roussef assinem medidas específicas, mas a visita do presidente americano sinaliza uma importante aproximação comercial entre os dois países e deve criar um ambiente mais favorável para que os acordos bilaterais avancem.

O presidente no Brasil da Amcham (Câmara Americana de Comércio), Gabriel Rico, vai além. “Com a visita de Obama, o Brasil passa a ser visto com um parceiro estratégico para os Estados Unidos, e não apenas como um parceiro comercial importante. E isso nunca existiu”, avalia.

A indústria brasileira de petróleo está entre os setores que mais interessam aos Estados Unidos. Os americanos foram mais lentos que os chineses, por exemplo, no fornecimento de equipamentos para a produção petrolífera na região do pré-sal e a expectativa é de que, agora, os Estados Unidos tentem recuperar o terreno perdido.

A GE, um dos maiores conglomerados americanos, é um exemplo. Após em encontro com Dilma, em Brasília, na semana passada, o grupo americano anunciou investimentos de R$ 550 milhões nos próximos dois anos no Brasil e que prevê “aumentar” as suas relações com a Petrobras.

Acordos bilaterais

A visita de Obama também pode destravar acordos bilaterais que beneficiariam investimentos.

Um dos acordos em estágio mais avançado e com maiores de chances de sair do papel é o TIFA (Trade and Investment Framework Agreement – em português acordo de sistema de comércio e investimento), afirma Rico. Os Estados Unidos possuem esse tipo de acordo com alguns países da África, Oriente Médio e Ásia, mas, na América Latina, a única nação com a qual o governo americano firmou essa parceria é o Uruguai. O Tifa permite uma série de consultas automáticas e troca de informações entre os EUA e os países signatários.

O foco da visita de Obama, avalia o presidente da Amcham, será no diálogo bilateral, em fortalecer as relações dos Estados Unidos com o Brasil. O aspecto regional, ou as relações com a América Latina como um todo, deve ficar em segundo plano.

E há motivos para isso. Os Estados Unidos precisam dobrar suas exportações para conseguir tirar a economia do limbo após a crise das hipotecas e Obama, certamente, virá ao Brasil com essa missão em sua bagagem.

Outro acordo que também deve avançar, após a visita de Obama, é o que trata da eliminação da bitributação dos investimentos nos dois países. Atualmente, as empresas americanas e brasileiras pagam impostos semelhantes em ambos países e um acordo nesse sentido poderia incentivar novos investimentos. Há também um acordo para desonerar os investimentos, o que igualmente poderia atrair mais capital produtivo para o Brasil, diz Rico.

Balança comercial

O Brasil sempre vendeu mais mercadorias para os Estados Unidos do que costumava importar do país. Mas,nos dois últimos anos, com a crise americana e a desvalorização do dólar, essa relação se inverteu, o que torna o mercado brasileiro ainda mais atraente aos EUA.

As importações de produtos americanos pelo Brasil cresceram 35%, de US$ 20 bilhões em 2009 para US$ 27 bilhões em 2010. As exportações brasileiras para o EUA aumentaram bem menos, ou 23,7%, de US$ 15,6 bilhões em 2009 para US$ 19,3 bilhões em 2010, segundo informações fornecidas pela Amcham.

A balança, que antes era favorável ao Brasil, agora é favorável aos EUA. E o saldo vem se ampliando. Entre 2009 e 2010, a diferença em favor dos americanos saltou de US$ 4,4 bilhões para US$ 7,7 bilhões.


 source: Economía